Nascido nos Banhados de Lavras do Sul e de Dom Pedrito, vem separando vários municípios, até desaguar na Lagoa dos Patos. Quem o vê em pleno verão, não imagina a sua "fúria" nas cheias de São Miguel, em Setembro. Por lá já cruzaram desde os dragões de Rio Pardo, comandado por Rafael Pinto Bandeira, até escaramuças da Revolução de 23 chefiados pelo "Condor dos Tapes" memorável Zeca Neto. Este Rio possui grande fartura de peixes e uma riqueza incontestável na sua flora, a exemplo da sua arvore símbolo o Angico, uma arvore de grande imponência, que vez por outra abriga algum bugio andarilho, que vem buscar alimento em seus galhos. Outro fato digno de menção e que Giusseppe Garibaldi construiu seus barcos a beira deste Rio, na localidade de Cristal. Contam às lendas que este Rio carrega em suas águas pequenas pepitas de ouro...




Corpo e Alma de Rio
(Ao Rio Camaquã)


É lenta a procissão das tuas águas
Que nas pedras rasas, marcham silente
Refletem em teu espelho luas e sois,
Emoldurado arrebóis, que clareiam a alma da gente

Angico sombreando, margem e barranca,
E uma espuma branca, deslizando quieta
As bateias do tempo machucaram teu leito,
Sulcando o parapeito, deixando a areia deserta...

Nas tuas águas quantas balsas envelheceram?
E muitas até se esqueceram das tuas cheias
Os tarumãs, os sarandís e outras tantas arvores desabaram
Na fúria que levaram, galhos, raízes e maneias...

Teu leito serpenteia várzea e coxilha
Nesta sina andarilha, de morrer na grande lagoa
Levando sorrisos e saudades, imagens e lembranças,
Dos velhos e crianças, que se molharam em tua proa...


Quando acordas de manha cedo, em cerração
Os pássaros em devoção, milongueiam seus cantos
Saudando o alvorecer de mais um dia,
E em total nostalgia vão apagando seus prantos...


Alan Otto Redu
Princesa dos Tapes
Continente de São Pedro do Rio Grande do Sul