sexta-feira, 28 de maio de 2010

O HERÓICO FILHO DA PRINCESA DOS TAPES










CORONEL JOAQUIM TEIXEIRA NUNES (1801-1844)
O maior lanceiro farrapo



A minisérie A Casa das sete mulheres esta focalizando a malograda tentativa de em Laguna –Santa Catarina dos farrapos e ali estabelecerem a República Juliana e nela um porto de mar para eles .
A personagem principal deste episódio foi o Coronel Teixeira Nunes no comando seu célebre Corpo de Lanceiros Negros Farrapos, cuja existência não vinha sendo ressaltada pela historiografia bem como o seu líder o Cel Teixeira Nunes , a maior lança farrapa ,segundo o General Tasso Fragoso e praticante das virtudes de Firmeza e Doçura inscritas no brasão da Republica Rio Grandense sob a forma de dois amores perfeitos e assim traduzidos : Firmeza ao combater com toda a garra e valor visando a vitória .Doçura, depois de vencido o combate respeitar como religião do prisioneiro inerme a sua vida ,honra ,família e patrimônio .
Teixeira Nunes foi vítima fatal no último combate farroupilha antes da Paz depois de haver salvo em Porongos com os seus Lanceiros Negros a República de um colapso total .
Garibaldi que foi seu comandado em Laguna e na retirada para o Rio Grande do Sul e mais tarde na Itália lembrou o seu grande valor como um dos mais assinalados guerreiro farrapos e também como o Bravos dos bravos.

Significação histórica

Prestou distintos serviços militares à Independência e Soberania do Brasil na Guerra Cisplatina 1825-28, como alferes de um Regimento de Cavalaria das Missões. Participou da Batalha de Passo do Rosário, em 20 de fevereiro de 1827 e teve papel destacado ainda nesta guerra, contra uma incursão profunda inimiga que penetrou até rio Camaquã a partir do rio Jaguarão.
Na Revolução Farroupilha foi um dos mais constantes, intrépidos e denodados líderes de combate . Brilhou em diversas ações, ao ponto de ser classificado por Assis Brasil "como o maior herói da Revolução" e pelo General Tasso Fragoso como " a maior lança farrapa".
Participou com destaque do combate de Rio Pardo, em 1838, e da expedição a Laguna, em 1839, na liderança de celebre 1º Corpo de Lanceiros Negros, constituído de escravos libertos.
Seu maior feito estratégico foi derrotar, em Santa Vitória (Bom Jesus) a Divisão Paulista ou da Serra, enviada de São Paulo para lutar contra a Revolução.
Isto quando em companhia de Garibaldi, Rosseti e Anita Garibaldi, retornava da malograda expedição a Laguna, em 1839.
A Teixeira Nunes coube, em 26 de novembro de 1844, a última reação armada da República Rio - Grandense, que custou-lhe a vida, após memorável e comovente reação junto com seus lanceiros negros na surpresa de Porongos, doze dias antes.
Sua importância na Revolução Farroupilha por ser medida pela lembrança dele de Garibaldi, já herói da unificação da Itália, nestas palavras em carta a Domingos José de Almeida.
" Eu vi batalhas mais disputadas, mas nunca vi, em nenhuma parte, homens mais valentes, nem lanceiros mais brilhantes que os da Cavalaria Rio -Grandense... Onde estão estes belicosos filhos do Continente, tão majestosamente intrépidos nos combates? Onde Bento Gonçalves, Netto, Canabarro, Teixeira Nunes e tantos outros."

Naturalidade, ascendência e perfil militar

Teixeira Nunes nasceu em 1802 na costa do rio Camaquã, no então Curato de Canguçu e filho dos primeiros povoadores de Canguçu. 1
Sobre seu perfil militar escreveu seu conterrâneo Caldeira que foi seu porta-estandarte no combate do Rio Pardo em 1838 e que, em Canguçu, prestou a historiadores gaúchos os mais importantes depoimentos sobre perfis militares dos líderes farrapos, os únicos que se dispões e publicados. 2
" Teixeira Nunes foi um dos oficiais de maior nomeada que possuiu a Revolução Farroupilha. Era uma lança das primeiras.
Com o Corpo de Lanceiros Negros a seu mando, alongava do exército, para operar com seus próprios meios, em qualquer parte que o inimigo aparecesse.
Era o terror dos seus inimigos. Onde carregava o Corpo de Lanceiros Negros ao seu comando surgia a vitória. Teixeira era humano. Durante a peleja matava por ser contingência da luta, e depois da vitória não morria um só prisioneiro. Era um oficial que sabia fazer a guerra de recursos.( a guerra á gaúcha de guerrilha) Esbelto e galhardo, apresentava-se à frente de seu corpo na ocasião do combate.
Oficial que manejava a lança com invulgar destreza, de estatura mais alta do que baixa, montando garbosamente seu cavalo, sobranceiro, seria capaz de dominar qualquer inimigo. Sua voz de comandante feria os ouvidos. Possuía invulgar espírito militar.
Em novembro de 1836, Teixeira Nunes era major do Corpo de Lanceiros Negros (corpo formado por pretos escravos ou libertos), a esse tempo comandados pelo Tenente Coronel Joaquim Pedro Soares.
No dia 6 desse mês, feita a eleição para Presidente da República, realizou-se na igreja de Piratini um Te Deum. E quando as autoridades de novel Estado Rio-Grandense e l massa popular em cortejo solene, se dirigiam para templo, ia à frente deles e pela primeira vez desdobrado à luz do céu, o pavilhão tricolor, o símbolo da República Rio-Grandense.
E quem o conduz, fremente de emoção e entusiasmo, ufano da glória de ser o primeiro a carregar a bandeira gaúcha, é o major de lanceiros Joaquim Teixeira Nunes.
Dentro de pouco tempo seria ele o comandante dos lanceiros negros. E à frente desta força praticaria façanhas sem conta, intervindo em inúmeros combates, até ornar os punhos com galões de coronel."
Teixeira Nunes, por seu raro valor como líder de combate, rusticidade e habilidade em conduzir operações de guerra prolongada, vivendo de parcos recursos locais e mais a legenda de combatente humano e generoso que se criou em torno de seu nome, seria tratado pelo título honroso de O Bravo dos bravos.

Expedição a Laguna – SC

Ele foi um dos mais constantes combatentes farroupilhas. Sua consagração como soldado adveio da expedição que realizou por terra a Laguna-SC, coadjuvado por Garibaldi por água, resultando a Proclamação da República Juliana.
Esta, em sinal de reconhecimento, o promoveu a coronel e fez do Capitão Garibaldi o comandante de sua Esquadrilha Naval.
Ao apossar-se, sem reação, de Laguna, em virtude de retraimento do comandante daquela praça, além dos navios de guerra auxiliou Garibaldi e John Griggs a aprisionar ou colocar fora de combate. Reforçou consideravelmente sua logística, ao cair em seu poder 14 barcos abarrotados de mercadorias, 6 bocas de fogo, cerca de 500 armas e para mais de 36.000 cartuchos carregados.
Em Ordem do Dia, após a vitória alcançada, Teixeira Nunes assim se expressou ao agradecer a ação de seus bravos comandados:
" Iguais se não maiores respeitos e consideração adquiriu o Capitão José Garibaldi, comandante da força naval da República. Em nome da Pátria agradeço-lhe a maneira como desempenhou a parte do plano de ataque que lhe coube executar, fazendo uma jornada de mais de duas léguas por terra ( transporte dos lanchões Seival e Farroupilha ), sendo o primeiro a lançar-se n’ água para desencalhar o lanchão Seival, preso ao baixo do Camacho."
Teixeira Nunes, ao chegar em Laguna, lançou proclamação vazada nos seguintes termos:
" Irmãos catarinenses, empunhai as armas conosco e arrancai a segunda província ao diadema do segundo Pedro: Mostrai porém, que os verdadeiros livres, mesmo no afã da guerra, sabem manter a ordem, obedecer às leis e respeitar a propriedade."
Talvez o redator de suas proclamações era italiano Luiz Rosseti.

Teixeira Nunes e o ideal federativo

Em seguida, fez chegar aos líderes catarinenses uma carta circular, cujo teor reproduzimos a seguir:
" Proclamando a Independência de Santa Catarina, não penseis que isto afetará os interesses do Brasil, do solo sagrado dos brasileiros, pois que a República Rio0Grandense, conscienciosa de sua dignidade, do espírito da grande maioria dos brasileiros e da honrosa missão que lhe foi confiada, não tem tanto a peito, quanto a federação aos estados seus irmãos."
Não havia a idéia de separatismo e sim República Federativa do Brasil regime em que vivemos há 114 anos
Após derrotado Garibaldi no mar, Teixeira Nunes foi forçado a retrair sob forte pressão de João Fernandes, chefe legalista. Atravessou o canal de Laguna a nado, indo reunir-se com Canabarro, no passo do Camacho.
Havendo discordância sobre operações futuras entre Canabarro e Teixeira Nunes, enquanto o primeiro se dirigiu ao Rio Grande, Teixeira Nunes convicto de que perdeu uma batalha , mas não a guerra, dirigiu-se para o planalto e com ele Garibaldi, agora infante, e Anita e Rosseti, todos já ligados por laços de amizade.


Derrota a Divisão da Serra


Na margem norte do rio Pelotas, no interior de um mangueirão de pedra, feriu-se um cruento e encarniçado combate que passou à história, com o nome de Santa vitória.
Nele, Teixeira Nunes, tendo Garibaldi no comando de sua Infantaria, infligiu pesada derrota na Divisão da Serra ou de São Paulo, ao comando do Brigadeiro Xavier da Cunha.
Após a vitória reuniu os prisioneiros e para surpresa de todos ouviram de Teixeira Nunes estas palavras:
"Vocês estão livres ! Voltem para casa para cuidarem de suas famílias !.
E lá se foram todos de volta para São Paulo e Paraná
Este combate lhe possibilitou entrar triunfalmente em Lages, vila que encontrou com os cofres raspados e sem administração, o que procurou refazer, bem como a refazer os uniformes de sua tropa, dando contas precisas de tudo aos seus superiores em Caçapava.
Em Lages, Teixeira Nunes, agora com o comando militar e político, procurou tratar o povo como amigo, dirigindo a guerra não contra a população, mas contra os defensores do governo.
Procurou ignorar atitudes hostis e, habilmente, por todos os meios, conquistar a confiança dos simpatizantes da causa, revelando mais um positivo aspecto militar de sua personalidade.



Visão estratégica


Sobre sua visão política e estratégica, podemos concluir muito boa, pelos termos da carta abaixo, em que advogava a manutenção de Santa Catarina e sobretudo de Lages:
"Esta fronteira (Lages), é de primeira importância para nós, seja com respeito ao grande rendimento das tropas de gado, seja porque daqui podemos manter comunicações, não só com a Província de Santa Catarina, como também a de São Paulo e vigiar, com maior facilidade, os distritos de Vacaria, Cima da Serra e Missões. Logo deve ser este ponto guarnecido, por uma força correspondente às infinitas vantagens que o mesmo apresenta."

Combate de Curitibanos

Sabendo Teixeira Nunes que tropa do Coronel imperial Antônio Albuquerque Mello andava em seu encalço, saiu à procura da mesma na direção de Curitibanos, onde se feriu o combate de Marombas. Nele, Teixeira Nunes, após um sucesso inicial, caiu numa emboscada, sendo salvo pela Infantaria de Garibaldi que o acolheu .
Salvou-se da destruição total, ao embrenhar-se numa mata, através da qual atingiu Lages no 5º dia, após indiscritíveis sofrimentos no matagal.
Anita Garibaldi extraviou-se neste combate. Sendo presa por Albuquerque Mello, conseguiu empreender uma épica fuga vindo a se encontrar com a coluna de Teixeira Nunes e com Garibaldi, em Vacaria.
No Rio Grande, juntamente com Garibaldi e sob o comando de Bento Gonçalves, tomou parte do indeciso combate de Taquari, no qual comandou uma Brigada Ligeira de Cavalaria.
Posteriormente, sob o comando de Bento Gonçalves, se destacou no ataque de S. José do Norte, no qual cambateram a seu lado seus velhos amigos de tantas jornadas na república Juliana - Garibaldi e Rosseti.
Aí, Teixeira Nunes, já conhecido como "Coronel Gavião", bateu-se com um denodo sem precedentes, fato reconhecido em Ordem do Dia de Bento Gonçalves.
Depois foi operar para os lados de Bagé. Atacou Jaguarão, em 19 de dezembro de 1843.
Os lanceiros negros de Teixeira Nunes foram, em grande número, recrutados nos municípios atuais de Arroio Grande, Canguçu, Piratini, Pinheiro Machado, Herval, Bagé, Camaquã, São Lourenço do Sul, Pelotas, Pedro Osório, Caçapava e Encruzilhada do Sul.
Ao homem que desfraldou e portou pela primeira vez o pavilhão tricolor da República Rio-Grandense, coube o privilégio de comandar no Rio Grande, a última reação armada do ideal republicano farroupilha, em 26 de novembro de 1844. Ideal que não viveu para ver concretizado para todo o Brasil, 45 anos após.

Garibaldi recorda Teixeira Nunes

Foi por certo pensando no bravo canguçuense Teixeira Nunes e nos seus bravos lanceiros, com os quais Garibaldi conviveu e padeceu irmanado, na longa odisséia desde sua derrotas naval em Laguna, até o frustrado ataque a São José do Norte, que escreveu em suas Memórias e cartas estes trechos:
"Os gaúchos rio - grandenses eram homens habituados a todas as privações, e nunca de uma só boca ouvi lamentação de fome e sede; ao contrário, mesmo em tão dolorosa situação, desejavam combater."
" Eu vi batalhas mais disputadas, mas nunca vi em nenhuma parte, homens mais valentes, nem lanceiros mais brilhantes, que os da cavalaria rio - grandense, em cujas fileiras comecei a desprezar o perigo e combater dignamente pela causa sagrada das gentes."
Quando a Europa celebrava Garibaldi como figura mais romântica do mundo, ele se lembraria do canguçuense Teixeira Nunes, seu comandante na retirada da República Juliana.
"E repassando na memória as vicissitudes da minha vida no vosso meio, em 6 anos de atividade de guerra, de constante prática de ações magnânimas como que em delírio exclamo! Onde estão agora esses belicosos filhos do Continente, tão majestosamente intrépidos nos combates? Onde Bento Gonçalves, Netto, Canabarro, Teixeira Nunes e tantos valorosos lanceiros que não me lembro!
Que o Rio Grande ateste com uma modesta lápide o sítio em que descansam os seus ossos; e que vossas belíssimas patrícias cubram de flores esses santuários das vossas glórias."

Final de Teixeira Nunes

O final do maior lanceiro farrapo foi assim descrito por seu citado conterrâneo, o tenente farrapo Manoel Alves Caldeira e seu comandado como porta-bandeira no combate de Rio Pardo.
Por ordem de Canabarro, após Porongos, Teixeira Nunes foi acampar no arroio Chasqueiro. Aí foi procurá-lo o Cel Chico Pedro, baseado em Canguçu no comando da Ala Esquerda do Exército de Caxias e em 26 de novembro de 1844.
"Chico Pedro marchava pela estrada real em direção do passo onde se achava Teixeira Nunes - o seu inimigo dos mais temíveis e respeitados...
Chico Pedro ou Moringue carregou sobre a pequena força de Teixeira Nunes que não podendo suportar as cargas foi derrotada e perseguida de morte em morte.
O cavalo de Teixeira Nunes foi boleado(atingido por boleadeiras) e assim mesmo Teixeira Nunes a pé continuou se defendendo com sua lança.
Mas foi também boleado com a sua célebre lança. E não podendo mais manejá-la, foi rodeado pelos que mais perto o seguiam. Um deles deu um tiro em uma coxa. Nesta ocasião chegava junto a ele Chico Pedro ao qual disse - Coronel não me deixa matar. Chico Pedro seguiu e virando a cara para o lado disse: - Não matem o homem. Teixeira tinha feito um sinal de socorro e morreu.
Tasso Fragoso ao escrever a sua História da Revolução Farroupilha impressionado com o valor de Teixeira Nunes o classificou "a maior lança farrapa" . Fernando Osório em A História do General Osório o chama de "valente chefe" e Schultz Filho o classifica de "garboso comandante de Lanceiros e o primeiro entre os primeiros na missão arriscada".
Teixeira Nunes foi um dos esquecidos por Alfredo Ferreira Rodrigues no seu Almanaque Literário e Estatístico do RGS 1889-1917. Ao lado do próprio Caldeira que tão valioso subsidios forneceu-lhe. Ai falhou a História como instrumento de verdade e justiça.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A HISTORICA FAZENDA DO SOBRADO










Fotos: Gentilemente Cedidas da Casa da Cultura de Sao Lourenco do Sul


Na Pessoa de Emanuelle Duarte









Histórico

O Sobrado é em estilo colonial português, construído por escravos na primeira metade do século XIX, constitui a sede da Fazenda, recebendo turistas atraídos por seu valor histórico e cultural.
A Fazenda do Sobrado está situada a 1 km do centro da cidade, as margens da Laguna dos Patos, a Fazenda do Sobrado já presenciou Revoluções escravas e fantasmas da história gaúcha.
É costume dizer –se que, nas noites de vendaval, ouvem –se vozes vindas do antigo casarão. Serão quem sabe, de Bento Gonçalves, o General Farrapo que costumava visitar sua sobrinha, D. Constança, então proprietária. Serão talvez as vozes de Garibaldi que, subindo o arroio, era visto, por vezes revendo amigos e amores... !Quem sabe ainda as vozes dos escravos, clamando por sua liberdade...!
O Sobrado foi construído no final do século XVIII e primeira metade do século XIX.
A referência mais antiga sobre o nome da Fazenda do Sobrado é de 1805, em documento que aparece na Vila de Rio Grande sobre o batizado de Ezequiel Soares da Silva, feito na Fazenda do Sobrado.Há um testamento de 1826 de José da Costa Santos, feito um mês antes de sua morte, que se referia à Fazenda, e no qual consta a adoção das terras onde hoje se encontra a Vila do Boqueirão, a Nossa Senhora da Conceição (Padroeira do município), terras nas quais deveria ser construída a Capela, fato que ocorreu somente em 1830 (a Capela foi construída e ampliada em 1848). José da Costa Santos tornou-se desta forma, juntamente com sua mulher Anna Joaquina (Donana) benfeitor daquela Capela.
Para frisar a importância do Sobrado na fundação e no desenvolvimento de São Lourenço, Anna Joaquina, mulher de José da Costa Santos e irmã de Bento Gonçalves, tinha uma filha, Perpétua, casada com Antônio Francisco dos Santos Abreu, o qual, administrava a fazenda já partilhada, mas ainda não dividida.
No período da Revolução Farroupilha, o Sobrado serviu de quartel general para Bento Gonçalves e seus comandados.
Garibaldi construiu seus navios para atacar Laguna em Santa Catarina com madeira no Rio Camaquã e apoio logístico do Sobrado.
Era no Sobrado que se reunia o alto comando da deliberação sobre os rumos da guerra na região do litoral.
Existem crônicas no arquivo histórico sobre os namoros de Garibaldi com familiares da Fazenda do Sobrado.
Donana antes de morrer, pedira à sua filha Perpétua e ao seu genro Antônio Francisco que na oportunidade de seu falecimento, fosse sepultada na Capela (situada no Boqueirão) da qual ela se considerava uma benfeitora, pedido que foi rigorosamente atendido (está sepultada no assoalho da igreja).
Quando faleceu o padre Maximiliano Strauss, como Pároco da Igreja do Boqueirão, ele pediu para seus superiores, que o assistiam no leito de morte, que fosse sepultado sob o assoalho de sua Capela, determinando com precisão que o túmulo fosse ao lado da pia batismal a tantos metros desta. O pedido foi cumprido, após o marceneiro ter retirado a terra para fora da igreja, quando de repente, surge um cadáver que havia sido sepultado em um caixão requintado, pois se notavam, incrustada nos pedaços de madeira que ainda que ainda restavam, placas metálicas, eram os restos mortais de Donana, que se encontravam lá até os dias de hoje.
Mais tarde se soube que não se tratava de uma simples coincidência no sepultamento, pois o padre também se considerava um benfeitor da Vila e da Capela do Boqueirão, pois ele acertou com a diocese de Pelotas a regularização dos terrenos pertencentes a Capela, porquanto todos os moradores da Vila não detinham a propriedade plena. Obviamente, em contraprestação, houve pagamentos, os quais foram carregados por um fundo de desenvolvimento da Vila.
Havia naquela época gente que não aceitava a atitude do padre, dizendo que era um sacrilégio a venda das terras de Nossa Senhora, e que por este motivo, sentiam prazer em pisar no padre quando entravam na Igreja.
Com respeito a Donana diziam que era uma pessoa muito severa com os escravos, tanto que chegava as raias da tirania. Contava-se que as cinco da manhã já estava de pé, distribuindo ordens e mandos aos escravos e até, ás vezes, com os escravos no tronco de castigo por desobediência, atitudes estas totalmente reprovadas por seu marido, que era um homem com vocação religiosa e sublime bondade, fato comprovado no conteúdo de seu testamento.
O Sobrado também é conhecido como Solar dos Abreu, pois com o desenvolvimento posterior da fazenda e com o casamento das três filhas de José da Costa Santos e de Anna Joaquina (Donana), uma casou-se com Vieira Braga, estabelecendo-se com a Fazenda em terras em Santa Isabel, outra, Tereza, com Inácio José de Oliveira Guimarães, e a mais moça, Perpétua, casou-se com Antônio Francisco dos Santos Abreu, que ficou instalado no próprio Sobrado e com terras que se estendiam do arroio São Lourenço até o Passo das Pedras e proximidades do Boqueirão.
Na Revolução Farroupilha todo o Governo de Pelotas ficou acéfalo. Os ricos, monarquistas, fugiram todos para Rio Grande. Então, toda a região sul do Estado ficou centralizada em Boqueirão, e o chefe deste governo, Chefe Farroupilha, era José Inácio que deu todo apoio logístico aos Farrapos através dos escravos, fornecendo cavalos e gado, inclusive com a construção de barcaças, com auxílio da Fazenda do Sobrado.
Este Inácio José de Oliveira Guimarães foi eleito deputado, ou seja, foi o primeiro deputado de São Lourenço do Sul. Foi também deputado da Assembléia dos Constituintes dos Farrapos, em 1842, em Alegrete. José Antônio de Oliveira Guimarães depois do casamento, foi morar na margem esquerda do arroio onde já existia o povoado incipiente e, com isso freqüentando o Sobrado, que também era sua casa, por ambos os lados. Mais tarde fundou, juntamente com Jacob Rheingantz, a colônia de São Lourenço do Sul.
O nome atual do município de São Lourenço do Sul tem origem obviamente na Fazenda São Lourenço, também conhecido desde aquela época como Estância do Sobrado, que foi diversas vezes requisitada, não só no período de Revolução Farroupilha, como também na Guerra do Paraguai. Na Revolução Farroupilha, muitas vezes, Bento Gonçalves veio ao Sobrado para acertar contatos políticos com o principal assessor de sua campanha, José Joaquim de Oliveira Guimarães, pai de José Antônio, que fez loteamento.
Na Guerra do Paraguai, a Fazenda deu sua contribuição, atendendo o chamado Império, através de seus mais ilustres filhos, Joaquim Francisco dos Santos Abreu (Almirante Santos Abreu), seu irmão mais velho, Antônio Francisco dos Santos Abreu (Barão dos Santos Abreu), nomes dados a ruas não só de São Lourenço, como também Pelotas e Porto Alegre.
Desde o final do século XVIII, a Estância era conhecida dos navegantes da Lagoa, pois o Sobrado servia de farol com um lampião que Donana conservava todas as noites em uma janela bem do alto, pois de Pelotas a Porto Alegre não existia nenhuma construção daquele porte á margem da Laguna dos Patos. Ademais era tão importante aquela Estância que por ocasião da morte de José da Costa Santos em 1826, a viúva Donana recebe o alvará expedido por Dom Pedro I concedendo a tutoria das três filha menores enquanto solteiras e a condição de inventariante, muito embora o inventário só ocorreu após a morte de Donana, que está sepultada no sub solo da atual igreja do Boqueirão (1º distrito de São Lourenço do Sul).
Atualmente o Sobrado pertence à família Serpa, desde 1965, com uma extensão de 300 hectares com cultivo agrícola e atividade pecuária; contemplando um agradável espaço de turismo rural. Trata-se de um complexo com hospedagem, lides campeiras, passeios a cavalos, trilhas, e a gastronomia típica do gaúcho. Um espaço que abrange local para eventos, no galpão todo ornamentado com utensílios da lida e da vida do campo e uma arquitetura que mantém consigo a memória da Epopéia Farroupilha.



Nome: Hotel Fazenda do Sobrado
Dados dos responsável:
Nome: Ivany Serpa
Endereço: Alameda Mano Serpa,s/n
Cep: 96170-000
Cidade: São Lourenço do Sul /RS
Tel: (53) 3251- 2141
Fax: Não possui
E-mail: betaw@hotmail.com






FICA AQUI DE PÚBLICO A NOSSA HOMENAGEM A TODA TERRA LORENCIANA E SEU POVO! POSTAMOS ACIMA TAMBEM UMA FOTO DO BELO EVENTO QUE TODO ANO ACONTECE NESTA CIDADE, O REPONTE DA CANÇAO NATIVA, QUE TODO ANO COMEMORA COM UM BELO CHURRASCO DE CONFRATERNIZÃO ENTRE OS MUSICOS,POETAS,PARTICIPANTES, ORGANIZADORES E A COMUNIDADE EM GERAL. ESTE MESMO CHURRASCO A VÁRIOS ANOS É FEITO A SOMBRA DA MÍSTICA FAZENDA DO SOBRADO.













quinta-feira, 20 de maio de 2010

OS DRAGOES DE RIO PARDO TOMO I


FOTOS: ALAN REDU





Os Dragões de Rio Pardo

Os Dragões eram soldados treinados para combater a pé e a cavalo, conforme as exigências das circunstancias, e foram fundamentais para a formação do Rio Grande do Sul. Valentes, fortes, grandes cavaleiros, guerreiros invencíveis, manejando a espada, a lança, a pistola ou o mosquete, os Dragões escreveram com seu sangue páginas brilhantes ao longo dos 82 anos de sua permanência em Rio Pardo.
Organizados como um esquadrão, primeiramente pelo Brigadeiro José da Silva Paes no Presídio Jesus-Maria-José, no Porto de Rio Grande, seu primeiro comandante foi o bravo capitão Francisco Pinto Bandeira, grande herói da nossa formação. Em 1737, a rigor, começa a saga do glorioso regimento, mas só em 1739, sob o comando de Diogo Osório Cardoso e logo de Tomaz Luiz Osório, começa verdadeiramente a saga heróica dos Dragões.
Em 1750, é assinado o Tratado de Madrid, assinalando o começo de um período de paz entre Espanha e Portugal. E os exércitos ibéricos tiveram que vencer a resistência missioneira para ocupar o Sete Povos das Missões. Os Dragões se cobrem de glória. Logo depois, têm que enfrentar os próprios espanhóis de Vertiz e De Ceballos, firmando o nome de Rio Pardo como Tranqueira Invicta. Os Dragões casavam com as moças de Rio Pardo e formavam as famílias dos grandes heróis da formação da nossa terra.
E hoje aí está Rio Pardo, bela no seu casario vetusto. No velho pórtico de heróis que dá entrada ao histórico Colégio Militar de Rio Pardo - hoje o Centro Regional de Cultura -


Fonte: Coluna Nico Fagundes em ZH



AS FOTOS ACIMA LOCALIZAM-SE AS MARGENS DO RIO CAMAQUA, NO MUNICIPIO DE CANGUCU,BEM NA DIVISA COM O MUNICIPIO DE ENCRUZILHADA DO SUL.
POR ALI TRANSITARAM, E ACAMPARAM, NÃO SO AS TROPAS DOS DRAGOES DE RIO PARDO, COMO AS TROPAS DA REVOLUÇÃO FARROUPILHA,FEDERALISTA E AS DA REVOLUÇÃO DE 1923, COM SEUS GENERAIS,POR SER UM OTIMO PONTO ESTRATEGICO E BEM PROTEGIDO, PARA O CAUSO DE ALGUMA ESCARAMUÇA.